domingo, 23 de outubro de 2011

Caminho para Felicidade


Todos os seres humanos buscam a felicidade, porém, muitos não sabem como encontrá-la. Isto se deve ao que a maioria imagina que ela resida no bem-estar material. Por outro lado, há uma minoria convencida de que uma vida exclusivamente orientada para a espiritualidade a torna possível. Na verdade, nem uma nem outra dessas duas maneiras de entender a vida é ideal, pois a felicidade depende de um estado de equilíbrio perfeito entre nossos desejos materiais e nossas aspiracões espirituais. Ora, o melhor caminho que pode conduzir a esse estado é o do misticismo, que, por definição, consiste no estudo e na aplicação do elo harmônico que une o homem ao Deus que ele é capaz de sentir e compreender. Para o ser humano encarnado, o único modo de viver plenamente essa união é manter-se em harmonia consigo mesmo, com os outros e com o seu ambiente natural.


A HARMONIA CONSIGO MESMO

A harmonia que devemos manter relativamente a nós mesmos diz respeito ao nosso corpo, à nossa razão e a nossas emoções. É evidente que, se violamos continuamente as leis naturais que operam em nosso corpo, não podemos manter uma boa saúde. Devemos então nos esforçar sempre para tratar nosso organismo físico com o maior respeito e não comprometermos por negligência a harmonia que Ihe é devida. Uma alimentação mal equilibrada ou excessiva, falta de repouso, insuficiência de exercício, são alguns fatores físicos que perturbam o equilíbrio do nosso corpo. O mesmo princípio se aplica à nossa razão. O fato de que vivemos neste plano terreno nos obriga a recorrer a faculdades objetivas e subjetivas. A razão é uma das mais importantes dentre elas, porque é a partir dos nossos julgamentos que dirigimos nossa vida cotidiana. Quanto mais nos dedicamos a reflexões sadias e úteis, mais fazemos dela o que ela deve ser. isto é, um instrumento destinado a expressar o melhor de nós mesmos. Se a submetemos à influência de coisas fúteis e impuras, cortamos o laço harmônico que deve uni-la aos impulsos de nossa alma. Devemos então refletir sempre sobre assuntos dignos de consideração para um místico. Ler obras interessantes, assistir a filmes educativos, meditar sobre os grandes problemas da vida, são as atividades típicas que permitem que mantenhamos harmonia em nossa mente. Quanto ao campo das emoções, o leitor sabe que sentimentos baseados na cólera, no orgulho, no ciúme, na maldade, etc., prejudicam consideravelmente nosso bem-estar emocional e, por conseguinte, nosso equilíbrio físico. Fora dos extremos que vimos de mencionar, sentimentos de medo, ansiedade, inquietação, são igualmente prejudiciais para a harmonia geral que deve prevalecer em todos os níveis do nosso ser. Cada indivíduo deve portanto fazer todo o possível para vibrar ao ritmo de emoções puras e construtivas; é impossível viver em paz profunda enquanto se permanece prisioneiro de reações emocionais discordantes.


A HARMONIA COM OS OUTROS

Já citamos a harmonia que devamos manter entre nós mesmos e os outros. É impossível evoluirmos e mesmo vivermos sem estabelecermos contatos freqüentes com nossos semelhantes. O homem, como ser encarnado, não é uma individualidade tão autônoma como pensa que é. A vida comunitária Ihe é necessária, pois nenhum ser humano, por independente que seja, pode viver feliz e desabrochar sem satisfazer sua necessidade inata de comunicação. Foi o instinto gregário que impeliu o homem a viver em sociedade e fazer dessa sociedade a garantia de seu bem-estar familiar. Como todos precisamos dos outros, devemos evitar manter para com eles associações baseadas em relações de força e domínio. Isso significa que devemos fazer tudo para preservar a harmonia em nossa família e viver em bom entendimento com todas as pessoas com quem devemos conviver, seja no plano familiar ou profissional, ou no quadro mais geral da coletividade humana. Com efeito, que pode ser mais doloroso, no plano interior, do que viver permanentemente num ambiente conflituoso? Toda situação de discórdia entre nós mesmos e os outros deve ser evitada, porque contém o germe de todas as guerras que assolam o mundo. A harmonia deve ser a regra de ouro da vida familiar e social. Isso não implica que todos os indivíduos devam pensar, falar e se comportar da mesma maneira, visto que a uniformidade é inimiga da evolução. Significa simplesmente que devemos conviver em respeito mútuo, com o desejo de colocar nossas diferenças de opinião e comportamento a serviço do bem-estar dos outros.


A HARMONIA COM A NATUREZA

Examinemos agora a harmonia que precisamos manter entre nós mesmos e nosso ambiente natural. Este ponto não deveria requerer nenhum comentário, já que é evidente. Infelizmente, porém, basta olharmos à nossa volta para constatarmos a que ponto o homem, por preguiça, negligência ou interesse, não hesita em perturbar o equilíbrio ecológico do seu próprio meio ambiente. A natureza tem no entanto seus direitos e o homem, por sua vez, só tem deveres. Enquanto ele não compreender esta lei, continuará a destruir e comprometer seu ambiente, até o dia em que sofra individual e coletivamente as conseqüências de seus atos, se é que isto já não está acontecendo. É por isso que cada ser humano deve tomar consciência de que não podemos perturbar impunemente a ordem natural a que todos devemos a vida. Essa ordem natural prevalecia bem antes que o homem aparecesse na Terra e não há dúvida de que ela prevalecerá quando ele desaparecer, a menos que, evidentemente, nosso planeta seja destruído num apocalipse definitivo. O misticismo, também nisso, é o caminho que deve permitir ao homem reconciliar-se com a natureza. Sem essa reconciliação, a humanidade está condenada á autodestruição, pois, tenhamos consciência disso ou não, toda investida contra seu ambiente natural priva-a de uma parte de si mesma.

Para resumir o essencial, afirmamos que a felicidade está na medida da harmonia que o homem é capaz de manifestar relativamente a si mesmo, aos outros e ao seu ambiente. Quanto mais ele tem consciência do que essa harmonia representa para o seu bem-estar pessoal, mais sente o desejo e a necessidade de a manter à sua volta e no seu meio ambiente natural. Ora, a experiência demonstra que todo indivíduo que toma consciência disso compreende que não existem vários tipos de harmonia e, sim, uma só Harmonia Cósmica, manifestando-se em diferentes planos e em diversos campos.

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